domingo, 5 de março de 2017

Tell me that you'll open your eyes.

UPDATES SOBRE A RIFA (19/07/2017):
Pessoal, felizmente as rifas que estavam sendo vendidas online já terminaram!! Agora só tem disponível rifa para ser comprada pessoalmente. Meus mais sinceros agradecimentos a todos que compraram, compartilharam e ajudaram a divulgar a nossa ação, foi um verdadeiro sucesso!! Estamos preparando ações futuras para ajudar o nosso pequeno, mais informações aqui.


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Mal havíamos colocado os pés fora da UTI e começamos a ter ideia do quanto a história do pequeno havia se espalhado. Em menos de meia hora no quarto já tínhamos recebido pelo menos umas 10 visitas só de pessoas de dentro do hospital que queriam ver o pequeno e dividir conosco alguma palavra de fé. E as visitas continuaram nos dias que se seguiram. O tempo todo nosso quarto era invadido por pessoas que ficaram sabendo do pequeno e se compadeceram da sua situação. O pequeno sempre foi uma criança cativante. Bastava um sorriso seu para que qualquer um se apegasse a ele. Nós sempre soubemos disso. Só não tínhamos ideia de que ele continuaria cativante mesmo dormindo. Havia uma infinidade de pessoas preocupadas com ele e torcendo pela sua recuperação. Nossa corrente de fé era muito maior e mais forte do que podíamos imaginar e mensurar.
No dia em que completávamos 1 mês de internação, acordei pela manhã e reparei que havia algo de diferente no pequeno. Uma frestinha bem pequena de seus olhos estava aberta. Fiquei angustiada com aquilo. Meu primeiro pensamento foi de que talvez as pálpebras não estivessem conseguindo mais se manter fechadas. Fui até ele e passei de leve a mão sobre seu olhos, tentando fechá-las. Me causava um certo desconforto ver seus olhinhos daquele jeito. As pálpebras se fecharam e tornaram a abrir em seguida na mesma frestinha. Resignada, deixei com estava. Pouco tempo depois, quando olhei novamente, estavam fechadas. E assim se mantiveram o resto do dia. Mais tarde, respectivo e eu no sentamos à mesa do quarto para jantar. Logo que iríamos iniciar nossa refeição, uma surpresa: o pequeno bocejou. Olhamos para a sua direção e a frestinha dos olhos estava novamente aberta. Nosso coração acelerou. Será que o pequeno estava acordando? Extasiados, corremos para o seu lado e ficamos esperando que seus olhos se abrissem por completo, no entanto eles se mantiveram daquele jeito. Levemente semi abertos. Não era bem o que esperávamos. Por um lado, nos sentíamos frustrados porque havíamos esperado muito mais. Sonhávamos em vê-lo acordando pronto, sem sombra de qualquer sequela. Esperávamos que o pequeno abrisse seus olhos, sorrisse, nos chamasse, saísse pulando e correndo da cama... Mas para quem não sabia se algum dia iria ver seus olhos azuis brilhar novamente, aquela frestinha era um belo primeiro passo.
Apesar da novidade, estávamos nos deparando com um novo problema. Quando ainda estávamos na UTI, havíamos sido apresentados a uma circunstância que acaba acontecendo com grande parte das pessoas que sofre alguma lesão cerebral mais severa: a espasticidade. O pequeno vinha apresentando um tônus muscular alterado, sendo que os músculos do seu corpo, em especial os das pernas, pés, quadril, braços, mãos e pescoço, estavam adquirindo uma rigidez tal que dificultava seu posicionamento adequado e confortável na cama. Logo de cara fomos alertados: a longo prazo, essa rigidez começaria a causar uma série de deformidades pelo seu corpo. Ver meu pequeno com seu corpinho todo rígido e pensar na dor que aquilo provavelmente estaria lhe causando estava me consumindo mais do que qualquer coisa. Certa noite, eu e o respectivo estávamos tentando posicioná-lo na cama para irmos dormir, mas não estávamos conseguindo de jeito nenhum vencer a maldita espasticidade. O stress daquela situação começou a tomar conta de nós e, antes que pudéssemos evitar, estávamos nos desentendendo pela primeira vez desde o acidente. Mais angustiada do que eu poderia suportar com toda aquela situação, decidi sair do quarto e, sem pensar onde ir, acabei parando na capela do hospital. Me coloquei de joelhos diante do altar e da cruz e deixei o desespero tomar conta de mim em forma de choro e prece. Em prantos, eu implorava a Deus que livrasse o pequeno de toda aquela dor e das deformidades. Já bastava tudo o que ele estava passando. Olha para a dor do pequeno, Pai. Olha para a minha dor de mãe, eu suplicava incessantemente. 
Não faço ideia de quanto tempo passei ali rezando. Quando terminei, meus olhos ardiam de tanto chorar, mas meu coração estava mais leve. Peguei meu celular e vi que eu havia recebido uma mensagem de um número desconhecido. Mais um soldado do nosso exército. A mensagem na verdade era um áudio que contava um milagre de cura recebido por um menino que sofria de algum tipo de câncer. No final da mensagem, a narradora repetia sem parar: Jesus se importa com a sua dor. Jesus se importa com a sua dor. Jesus se importa com a sua dor. Palavras vindas diretamente do céu. Era como a voz de um anjo me falando exatamente o que eu precisava escutar. Jesus se importa com a dor do pequeno, com a minha dor e a do respectivo. Ele certamente tinha me visto chorando e implorando naquele momento. Ele se importava com a dor que todos nós estávamos sentindo. E em meu coração não havia dúvidas, Ele iria nos atender. No dia seguinte, quando acordamos, notamos que o pequeno estava diferente. Não estava tenso como nos dias anteriores. Pelo contrário, estava muito mais relaxado do que o normal. Não estava com todos os músculos soltos como deveria, mas havia uma melhora nítida em seu corpo. Estava muito mais fácil de posicioná-lo e manuseá-lo. A rigidez não deixou de vez o pequeno e em alguns momentos do dia voltou a ser exatamente como costumava. Mas o fato é que a maior parte do dia ele tinha passado relaxado. E eu tinha passado o dia tomada por um sentimento de paz tão grande que há dias eu não sentia. Paz e gratidão. Deus não só havia ouvido minhas súplicas como havia me atendido prontamente. Ele realmente se importa com a nossa dor.
O tempo que passamos internados com o pequeno no quarto passou muito mais rápido do que quando estávamos na UTI. Passávamos o dia em função de posicioná-lo na cama e estimulá-lo com o que podíamos. Seus olhinhos agora se abriam cada vez mais. Mas só. Abriam-se e ele permanecia do mesmo jeito, como se continuasse dormindo. Enquanto ele continuava dormindo, o tempo voava do lado de fora das paredes do hospital. O final do ano já estava se aproximando, e com ele as festas de Natal e ano novo. Era como se estivéssemos congelados no tempo vendo a vida passar. Quando comecei a me dar conta da proximidade dessas datas e lembrava de tudo que tínhamos programado para aquele final de ano, meu coração se enchia de dor e angústia. Seria um final de ano tão especial, com uma série de festividades programadas. Reencontraríamos pessoas da família que há tempos não víamos, iríamos curtir alguns dias na praia - que o pequeno simplesmente adora - e faríamos o chá de bebê da pequena. Sem contar que seria o primeiro Natal que o pequeno iria de fato curtir a festa, os presentes, o Papai Noel. Perdi as contas de quantas vezes fui dormir pedindo a Deus que nos poupasse daquela dor e trouxesse o pequeno de volta por completo antes que o Natal chegasse. Faz um milagre de Natal, eu pedia.
Conforme os dias foram se passando, a angústia foi dando lugar a um novo sentimento. Quanto mais tempo eu passava buscando a Deus, mais eu me dava conta que não havia motivo para tristeza. Não, eu não passaria o Natal em casa, com uma bela ceia, cercada da família, trocando presentes. Eu passaria num hospital, não haveria Papai Noel, apenas alguma refeição não tão elaborada que conseguíssemos levar para esquentar e comer ali mesmo no quarto. Mas não tinha sido assim afinal, na simplicidade do que as circunstâncias tinham permitido, que o Natal tinha surgido? Comecei então a me dar conta que passar um Natal sem a abundância a qual estávamos acostumados nos aproximava ainda mais de Deus. Vínhamos buscando exercitar a gratidão e com certeza não havia momento mais propício para sentir-se grato do que a celebração do nascimento Daquele que havia salvado nossa família de uma tragédia. Daquele que, por sua paixão, morte, cruz e ressurreição, havia aberto as portas do céu e nos permitido vivenciar o milagre da cura do nosso pequeno. Quanto mais eu pensava no verdadeiro significado daquele data, mais a tristeza dava espaço à gratidão e a uma sincera alegria. Sem aquele nascimento, sem aquela celebração que ano após ano realizávamos sem nos aprofundar no que de fato estávamos comemorando, nada do que estávamos vivendo seria possível. O pequeno já não seria possível, apenas uma lembrança dolorida e um vazio no nosso peito. Não havia mais dor, nem angústia, nem dúvidas: aquele seria o Natal mais especial que eu já tinha vivenciado. 
O ano de 2016 chegava aos poucos ao seu fim. E nós estávamos mais transformados do que nunca. Se alguém tivesse nos contado como terminaríamos aquele ano, acho que eu não teria acreditado. Tudo que estávamos vivendo parecia tão surreal. Tudo que havíamos vivido até antes do acidente parecia pertencer a uma outra vida. A transformação espiritual que havia tão drasticamente acontecido conosco já não nos permitia seguir a vida que antes vivíamos, ainda que o pequeno acordasse ali naquele momento e saísse falando e andando, e pudéssemos enfim voltar para casa. Ele ainda não havia acordado. Ele abria os olhos por inteiro agora. Mantinha-os abertos boa parte do dia e os fechava e relaxava durante alguns períodos. Era nítido que agora ele alternava momentos de vigília e sono. Mas, quando estava acordando, não interagia conosco. Ou parecia não interagir. Talvez porque não conseguisse, ou porque não estivesse consciente apesar de estar com os olhos abertos. Não sabíamos e confesso que não fazia diferença. Esperávamos mais, muito mais. Nos mantínhamos na esperança e na fé de que em algum momento ele abriria seus olhos e estaria completamente recuperado. Mas cada dia que passava sem que isso acontecesse, nos perguntávamos se ele iria de fato se recuperar. Seus olhos azuis estavam ali, abertos. Mas não pareciam mais brilhar...

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Nota sobre o atual estado de saúde do pequeno: tivemos alta hospitalar domingo passado. Já estamos há uma semana podendo cuidar do nosso pequeno em casa. A espasticidade que tinha dado uma grande melhora no final do ano passado, voltou com tudo nas complicações pós-cirúrgicas do pequeno. Agora, podendo curtir as comodidades da casa, notamos que aos poucos ele vem conseguindo vencer a rigidez muscular. Mas ainda há muito que recuperar para voltar ao que era antes da cirurgia da gastrostomia. E ainda mais para voltar ao que era antes do acidente. 
Agora que estamos em casa, estamos indo atrás dos melhores tratamentos que podemos dar ao pequeno para ajudá-lo com a recuperação neurológica. Seguimos confiantes de que Deus irá prover a cura, pedimos apenas que Ele nos guie nesse caminho até que possamos ver nosso pequeno pleno novamente.

Obs.: sigo querendo postar com mais frequência. Mas a pequena tem me mantido acordada boa parte das madrugadas, e durante o dia fico dividida entre os cuidados dela e do pequeno. A quem vem acompanhando nossa história, minhas sinceras desculpas pela demora. Prometo que postarei sempre que conseguir!  

13 comentários:

  1. Que bom saber que ha estão em casa... podendo dar mais auxílio... seguimos nos unindo na corrente de orações e acompanhando a evolução de vocês...
    Um grande beijo e um forte abraço

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  2. Deus abençoe vcs cada vez mais!!!!

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  3. Deus nunca deixará de amparar vcs! Que vc continue com essa fé que tem, que seu pequeno se sentirá em paz. Torço mto pela melhora dele!!! Que Deus abençoe vcs!!! Um grande beijo e um abraço bem apertado. E todos continuamos esperando e pedindo um milagre

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  4. Todos os dias passo por aqui pra procurar por notícias , vcs estão nas minhas orações diárias e sua fé vai levantar seu filho dessa cama , tenho certeza ! Um grande abraço e força

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  5. Penso e peço por vocês todos os dias desde que fiquei sabendo do acidente..... leio todos seus posts e muitas vezes choro, outras fico imensamente feliz, ainda que seja por algo que, para mim, seria um simples detalhe, sem a menor importância.
    Certa vez eu li uma frase que se tornou incrível para mim e eu gostaria de compartilhar com você, ela dizia o seguinte:
    - sempre nos perguntamos "POR QUE COMIGO??" Quando na verdade, deveríamos perguntar "POR QUE NÃO COMIGO??.... "
    Deus, pai perfeito de todos nós, sabe exatamente o peso que suportamos e, jamais, daria algo maior, que não pudéssemos aguentar. Acredite, você é uma mãe leoa maravilhosa, que sempre encontrará forças para continuará lutando bravamente pela sua cria e, com certeza, irá colher os frutos de toda essa dedicação.
    A nós resta apenas continuar de longe orando, rezando enfim, pedindo por vocês mas, acima de tudo, te admirando por tanta força!! Estamos aqui, conte sempre com cada uma de nós!!!

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  6. Vc são iluminados!!! Cheios de fé!!! Que Deus continue abençoando o pequeno e toda a família e que a cada dia vc nos conte do grande milagre que Deus fez na vida do seu guerreiro!!! Muito amor e força p seguirem em frente!!! Já deu tudo certo em nome de Jesus!!!

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  7. Querida, eu e minha familia estamos acompanhando vocês! Não se esqueça de que vivemos num mundo de infinitas possibilidades e que tuuudo é possível! E pesar de não nos conhecermos, se precisar de uma mão, ou duas, uma companhia, um colo, um bate papo na madrugada, estou aqui! Sou mãe de dois, assim como vc! Te mando uma luz linda cheia de amor!

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  8. "Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei."
    (Salmo 119:18)

    Sys, não só os olhos do Arthur abriram um fresta e mais se abrirão para a vida, mas também os nossos olhos abriram uma fresta e mais se abrirão.
    Nossos olhos abriram-se para a presença de Deus, Seu Amor misericordioso e infito. Abriram-se para o outro, para a conpaixão e espirito de serviço. Abriram-se para a vida, não esta vida mundana que já conhecemos, mas a vida do Céu que já começamos a almejar enquanto peregrinos aqui na teraa.
    Peço todos os dias que Deus abra mais os olhos do Arthur para a vida e para a consciência para que possa contemplar as maravilhas da Sua criação; mas também que abra os nossos olhos para enxergamos as maravilhas que opera e tem operado em nossas vidas!
    O nosso Deus é o Deus de infinitas possibilidades. Que Ele mantenha nossos olhos abertos para contemplarmos Suas graças e milagres em nossas vidas e do pequeno Arthur!
    Amo vocês!

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  9. Bom dia!
    Acompanho o caso do Arthur pelo 4 Moms, torcendo por ele todos os dias!
    Gostaria de oferecer a vocês meu trabalho. Faço o Método Tomatis, que é uma estimulação cerebral através da música. É um trabalho com a neuroplasticidade cerebral. Pode ser feito em qualquer idade. Tenho resultados muito positivos em casos de AVC, onde as pessoas ficaram sem oxigênio no cérebro e o Tomatis ajuda que voltem a falar, manter equilíbrio, melhorar a parte motora, etc...
    Se vcs quiserem me conhecer posso ir até vocês, será um prazer ajudar! Sou mãe também!
    Agora que ele está em casa, fica mais fácil fazer o tratamento.
    Um grande abraço. Luciana.38140700

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    1. Oi Luciana!! Nossa com certeza nós temos interesse!! Você é de onde? Qual o ddd desse número para eu poder te ligar??
      Muito obrigada pela ajuda!!

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    2. Ola Manu, meu nome é Fernanda... tambem acompanho o caso do pequeno pelo grupo 4moms, acredito que a Lu Tirolli seja se Sao Paulo, mas vou fazer um post lá no grupo para ver se ela vê, ok? Rezando pela plena recuperação do seu pequeno... beijo no coração.

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  10. Manu, me emociono a cada post seu! Apesar de lhe conhecer tão pouco vejo em você uma grande guerreira, sigo em minhas orações por vocês e pelo pequeno. Que Deus em sua sublime grandeza possa lhe dar cada vez mais forças e bençãos em sua trajetória e tenha certeza que com fé tudo vencemos e a sua vitória está próxima. Abençoada seja a sua família!

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  11. Manu, me emociono a cada post seu! Apesar de lhe conhecer tão pouco vejo em você uma grande guerreira, sigo em minhas orações por vocês e pelo pequeno. Que Deus em sua sublime grandeza possa lhe dar cada vez mais forças e bençãos em sua trajetória e tenha certeza que com fé tudo vencemos e a sua vitória está próxima. Abençoada seja a sua família!

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