quarta-feira, 15 de novembro de 2017

D de Deus.

15.11.2017. Confesso que passei um certo tempo temendo a proximidade do dia de hoje. Não sabia como eu iria me sentir, se as memórias do acidente iriam voltar com tudo e me derrubar... Então, eu me dei conta que havia duas maneiras de encarar esse momento: eu poderia passar o dia de hoje revivendo as dores, as angústias, chorando num canto e lamentando o último ano inteiro. Ou eu poderia escolher olhar para o dia 15.11.2016 como o dia em que eu testemunhei o milagre da vida. O dia em que estive mais próxima de Deus. O dia em que eu tive a mais absoluta certeza não só da Sua existência, mas de que Ele estava ouvindo cada uma das minhas preces. Mais do que isso, que Ele estava carinhosamente atendendo a cada uma delas.
Eu poderia passar o dia de hoje relembrando cada uma das dificuldades vividas de lá para cá. Mas eu poderia escolher relembrar cada um dos milagres: o fato de termos conhecido o caminho para o hospital 3 dias antes o que nos possibilitou chegar em 3-5 minutos no pronto socorro, a presença do médico que estava junto na reanimação e não desistiu de trazer o pequeno de volta quando o outro médico responsável achou que não tinha mais jeito (descobri isso recentemente, um dia eu conto com detalhes aqui), o pequeno ter reagido e revertido o quadro de morte encefálica que os médicos previram para ele, ele ter conseguido respirar sozinho e escapar da traqueo, o dia em que ele começou a abrir os olhos depois de termos ouvido que ele nunca mais acordaria, os incontáveis detalhes que aconteceram após a complicação da gastro e que permitiriam que o pequeno sobrevivesse a uma ruptura de estômago que nenhum médico intensivista conseguiu diagnosticar, todas as pequenas reações e conquistas que o pequeno teve desde o hospital até hoje, cada profissional e pessoa que cruzou a nossa vida e nos levou a descobrir as mais incríveis e infinitas possibilidades de lutar contra uma lesão cerebral.
Eu poderia escolher. Livre arbítrio. Suprassumo do amor divino. E nós escolhemos. Escolhemos ter fé, lutar, duvidar dos médicos e jamais desistir. Escolhemos guardar na memória o dia 15.11.2016 como o dia do renascimento do pequeno e o dia em que nós conhecemos a face misericordiosa de Deus. Escolhemos voltar nosso olhar para o dia de hoje e para tudo aquilo que nosso Pai nos reserva. E pensando principalmente nas últimas graças que Ele tem nos dado, só me resta escolher acreditar que muita coisa boa ainda está por vir...