quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

It's been a long day, without you my friend, and I'll tell you all about it when I see you again..

Ontem minha irmã enviou um vídeo do meu sobrinho saindo da creche no seu último dia de aula. Começou o ano sendo levado no colo e saiu andando carregando suas próprias coisas. Um mocinho, nas palavras dela. Tive que lutar contra as lágrimas. Aliás passei um bom tempo lutando com essas teimosas insistentes. Essa é minha última semana no trabalho antes do recesso, o ano praticamente terminou. 365 dias que passaram num piscar de olhos. Lembro do meu aniversário de 2013, quando fomos buscar a Preta no sul para vir morar com a gente, e ela contou a grande novidade de que estava à espera do primeiro pequeno da família. Lembro do verão que seguiu, ela já barriguda e nós decidindo encomendar nosso próprio pequeno. Lembro de como ele parecia pequeno e frágil na primeira vez que o vimos. De um tisco de gente que dava pra segurar num braço a um meninão finalizando seu primeiro ano 'escolar'. E de todo esse período, não consigo encher as duas mãos se eu for contar todas as vezes que consegui visitá-los.
Morar longe sucks, com o perdão da palavra - mas às vezes só uma palavra dessas tem a intensidade suficiente que precisamos para definir os sentimentos. De vez em quando acompanho conversas no chat da família, uma irmã falando para a outra que vai passar na casa dela mais tarde, e aquele pequeno diálogo parece tão surreal para mim que chega a doer. Não sei o que é dar uma passadinha na casa de um amigo ou parente há pouco mais de 4 anos. Desde que eu deixei o Sul para trás para me juntar ao respectivo, perdi esse privilégio. As visitas que faço são programadas com antecedência de meses, passando sempre pelo ritual de pesquisas frenéticas por ofertas de passagens e com a eterna frustração de saber que eu jamais conseguirei ver todas as pessoas e fazer tudo que eu gostaria nos parcos períodos que estou por lá.
Morar longe é ver a vida das pessoas que você ama passando através de vídeos e fotos. É ter que aprender a se contentar com a tela do celular, aprender a sufocar a saudade e fingir que tá tudo bem mesmo quando o peito parece explodir de tanto querer estar perto. É não poder contar com aquela sopinha ou aquele chá que só a sua mãe sabe fazer quando você fica doente. É nunca ter com quem deixar o pequeno para poder dar uma passeada a dois. É ver os amigos combinando confraternizações de final de ano nos grupos de whatsapp e resistir ao impulso de pegar o primeiro vôo para poder participar também. É fazer de conta que emoticons são tão reconfortantes quanto beijos e abraços. É não saber se o seu sobrinho vai lembrar de você na próxima vez que te ver. É ver ele e o seu pequeno brincando juntos e imaginar como seria linda a amizade entre eles se não houvesse distância...
São quase mil quilômetros nos separando. Mas tem dias que parece que é um mundo inteiro. Quando eu assisti ao vídeo que minha irmã mandou, senti quase como se eu morasse na lua. Criar o pequeno só eu e o respectivo, longe das demais pessoas que eu tanto amo, é a coisa mais dolorida que eu já vivi. E isso incluindo um parto natural de 8 horas sem nenhum tipo de anagelsia. É essa sensação de ser uma mera espectadora na vida dos outros, é isso que mata. É saber que, por mais que a gente tente se fazer presente, não há nada como estar realmente do lado. Mas a vida segue e nos leva por caminhos e lugares que a gente jamais imaginou. E que bom que a vida inventou o skype, whatsapp e demais redes sociais. E que bom que há fotos e vídeos para matar a saudade do jeito que dá. E que bom que há saudade. Afinal, onde há saudade, há amor.  
Por dias assim, todos os dias...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Bed of roses.

Semaninha intensa por aqui. O pequeno não dorme direito há 4 noites. Ele acorda no meio da madrugada chorando, sem motivo aparente e acalma logo que pego ele no colo. Mas ai de mim se eu me inclinar com a intenção de devolvê-lo ao berço. Volta a chorar no mesmo momento. E aí eu preciso ficar ninando ele até que ele adormeça profundamente e não sinta essa transição dos meus braços para a cama dele. Em duas dessas noites eu estava cansada demais para esse ritual, então resolvi da maneira mais simples e cômoda: levei ele para a nossa cama. Ele dorme com um anjo quando dorme do nosso lado. Um anjinho espaçoso que se mexe pra caramba e toma conta da cama inteira. Mas, ainda assim, um anjinho.
Tá aí mais uma das coisas na qual eu mordi a língua: levar o bebê para a minha cama. Antes do pequeno nascer, eu era super contra a ideia da cama compartilhada. Achava esquisito e nada prático. Silly me. Logo na primeira noite do pequeno em casa, ele dormiu no próprio berço. E lá ficava até despertar. Daí, certo dia, o pequeno acordou cedo como sempre, mamou como sempre, e voltou a dormir mais um pouquinho como sempre. Só que nesse dia, não me lembro porque, eu levei ele comigo para cama para tirarmos essa sonequinha matinal juntos. Eu gostei tanto daquele nosso momento, que ele passou a se repetir quase diariamente. Depois disso, vieram madrugadas extenuantes amamentando. Pequeno passou a dormir bem logo no início da vida dele. Mas, do segundo para o terceiro mês ele passou a acordar várias vezes por noite querendo mamar. Nós estávamos de férias, ele dormia no quarto com a gente mas no seu bercinho portátil. E nessa época ele passava horas no peito. O pequeno nunca teve pressa ao mamar. Ficava no mínimo 1 hora para mais. Imagina ficar esse tempo acordada de madrugada com ele no colo esperando para devolvê-lo ao berço?!? Rapidinho eu passei a colocar ele deitadinho do meu lado, mamando confortavelmente. Não foram poucas as vezes que eu acordei duas ou três horas depois com ele ainda ali, grudado no peito. Eu dormia, descansava. E ele mamava da melhor maneira que ele poderia imaginar.
Pouco depois ele aprendeu a mamar em pouco tempo e voltou a ter noites boas. E nós deixamos de lado nossas madrugadas 'de conchinha'. Família feliz, dormindo bem, e eis que surgem os primeiros dentinhos. Lá se foram as madrugadas de calmaria.. De novo, quando o cansaço era maior do que tudo, lá ía o pequeno pra nossa cama. Aliás, lá vem o pequeno para a nossa cama. Adotamos essa postura desde então. Quando as noites são mais difíceis e ele precisa do nosso aconchego, ele vem sem cerimônia dormir com a gente. 
Hoje cedo, no grupo de whatsapp de mães que eu faço parte, enviaram uma mensagem pedindo ajuda, de uma bebê que sempre dormiu bem no próprio berço mas, nas últimas semanas, passou a acordar direto de madrugada e a mãe tem levado para a cama com ela mas está com medo de botar a perder todo o tempo de costume no bercinho. Eu já me senti exatamente assim, medo de mal acostumar o pequeno. Fui vencida pelo cansaço. Aliás, muito obrigada Sr. Cansaço. Sem você nós jamais teríamos vivido esses momentos deliciosos. Por mais que eu goste de ter mais espaço na minha cama, confesso que adoro deitar com o pequeno agarradinho em mim. E só posso imaginar o quanto ele deve se sentir protegido dormindo no meio de nós. Afinal de contas, eu também não gosto de dormir sozinha. Nós passamos boa parte da nossa vida procurando alguém com quem dividir as madrugadas, e nós esforçamos arduamente para que nossos pequenos não tenham esse mesmo prazer logo que chegam ao mundo. Ainda que eu continue não sendo adepta à cama compartilhada todos os dias, hoje eu entendo quem opta por fazer. E sei que não estarei fazendo mal nenhum ao pequeno se uma ou outra noite ele vier dormir com a gente. Mais do que não fazer mal, deve fazer um bem maior do que eu possa imaginar... 
    

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Do not sit on the stairs.

Tem uma série de coisas que eu achava sinceramente antes de ser mãe que eu não faria com o meu filho e acabei fazendo. O famoso "mordi a língua". Uma das coisas que eu tentei resistir ao máximo, foi a televisão. Lembro que no começo, eu chegava a chamar a atenção do respectivo se via ele com o pequeno no colo num ângulo em que ele tinha acesso à tela da televisão. Aos poucos, fui me desapegando disso. Mas depois que eu passei a liberar alguns momentos de televisão, descobri que eu não tinha muito com o que me preocupar. O pequeno nunca durou muito mais do que 5 minutos focado na TV. Logo ele se entedia e parte para outra coisa. Fico um pouco na dúvida se acho isso bom ou ruim. Por um lado, seria bom às vezes ter uma meia horinha dele sentado quietinho assistindo TV para organizar a casa ou fazer as minhas coisas. Mas por outro, gosto muito desse lado ativo dele. Se ele um dia acabar se tornando uma criança vidrada em televisão, que demore o máximo possível.
Mesmo sabendo dessa natureza dinâmica dele, às vezes eu me atrevo a desafiá-lo. A primeira vez que eu encarei o desafio de levá-lo num evento que exigia que ele ficasse sentado e quieto por cerca de uma hora e meia, ele tinha uns 10 meses. Levamos ele num show da Disney com vários quadros de música, dança, malabarismo e todos aqueles personagens fofos. Ele nos surpreendeu, ficou quientinho sentado no meu colo observando tudo atentamente. Só nos últimos 10 ou 15 minutos de espetáculo ele começou a se injuriar. Foi uma noite muito divertida! O teatro estava cheio de crianças fantasiadas de princesas, heróis e outros personagens dos filmes, e era lindo de ver todas elas interagindo com Mickey e companhia. Cheguei a pensar naquele dia que tinha enfim chegado o momento do pequeno curtir esse tipo de programa que requer atenção e corpo parado. Ledo engano...
Minha segunda aventura desse tipo com o pequeno, foi durante nossas férias de Setembro. Ele estava prestes a completar 1 ano, fazia um dia chuvoso e, presa num quarto pequeno de pousada sem muita opção do que fazer, eu decidi levá-lo ao cinema para assistir "O Pequeno Princípe". Ele ficou quietinho, sentado no meu colo, enquanto os trailers passavam... e pronto, acabou! Dali para frente foi um festival de seguir ele subindo e descendo as escadas do cinema que só terminou a meia hora do final do filme, quando ele enfim dormiu. Logo que ele levantou e demonstrou que não iria parar mais, eu pensei seriamente em me dar por derrotada e sair cabisbaixa do cinema. Mas eu olhei ao redor, vi que não chegava a ter 10 pessoas contando com nós dois, e decidi encarar. Engoli a vergonha do que os demais presentes provavelmente pensaram de mim e fiz do cinema a minha sala de estar. Afinal eu não conhecia ninguém lá mesmo, não iria rever nenhum deles nunca mais na vida, simbora ser feliz. Um olho na tela e um no pequeno, consegui ver o filme inteiro. Mas saí de lá prometendo a mim mesma que só levaria o pequeno num programa desses de novo daqui uns bons anos. Uma promessa que teve quase a mesma durabilidade de promessas de ano novo...
No final de semana que passou, levamos o pequeno no show de um grupo musical que ele adora. Eu estava otimista, afinal uma das únicas coisas que prende a atenção dele são as músicas desse grupo. Toda vez que eu coloco para tocar em casa, ele para o que está fazendo e fica remexendo o corpinho numa dancinha fofa em frente à tv. Imaginei que, como as demais crianças que lá estavam, ele não iria querer ficar sentado no colo parado, mas iria ficar prestando atenção nas músicas se requebrando - ou algo parecido com isso. Poor little me. Lá foi eu e o respectivo revezar na maratona de sobe e desce de novo. Não sei qual é a do pequeno com escadas, só sei que ele adora. É fissurado, para ser mais exata. Cheguei a ficar irritada com ele quando ele resistiu aos meus pedidos de ficar longe dos degraus, até me dar conta de que ele em nenhum momento me pediu para estar lá. Eu comprei os ingressos achando que ele iria gostar, mas ele não tinha obrigação nenhuma de querer participar comportado de um programa que ele não escolheu ir. Na verdade a obrigação era minha de saber que talvez ele não curtisse da maneira que eu esperava. E daí vinham as duas opções novamente: me dar por derrotada e ir embora, ou curtir do jeito que dava. Curtimos do jeito que deu até o final. E saí de lá fazendo uma nova promessa, dessa vez mais séria porque prometi para ele e não para mim mesma: te prometo, meu pequeno, aceitar essa tua natureza ativa. Se você não for do tipo que curte um cineminha ou um teatro, tudo bem, mamãe vai encontrar outras coisas que te agradem mais. Um passeio no parque, um dia de praia, um picnic ao ar livre. Por ora chega desses programinhas em lugares fechados que te exigem um certo grau de contenção. A não ser que tenha por aí uma exposição de escadas. Daí, meu amor, nós seremos os primeiros da fila.
Logo percebe-se que eu estava muito mais animada que o pequeno com o evento...