No
Brasil, dizem que o ano só começa depois do Carnaval. Para mim o ano
começou faz tempo. E começou frenético. Não só o setor onde eu trabalho -
um dos mais tranquilos de todos - está a todo vapor desde os primeiros
dias de janeiro, mas minha chefe entrou de licença e eu fiquei de
substituta no seu lugar. Ou seja, sem tempo nem para pensar, quem dirá
escrever. Por ora o que me resta é revisitar e reciclar posts antigos, com a sincera promessa de voltar a me dedicar a esse pequeno espaço assim que a correria me permitir.
Porque eu já venho pensando no tema/decoração da festinha de 2 anos do pequeno e porque eu tenho um carinho todo especial por esse texto ❤️❤️❤️
Postado aqui em 22.10.2015.
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22.10.1984, nascia uma pequena. Hoje
essa não mais tão pequena carrega seu próprio pequeno nos braços e
comemora sua 31ª primavera. O meu aniversário sempre foi uma data muito
importante para mim, digna de muita comemoração. Provavelmente porque
minha mãe sempre teve o hábito de nos preparar lindas festinhas. Bem
caseiras e bem lindas. Uma das minhas mais doces memórias da infância
somos nós, eu, minhas irmãs e minha mãe, reunidas na cozinha, na véspera
das nossas festas, numa verdadeira produção fordista de docinhos. Minha
mãe fazia a massa, uma de nós enrolava, a outra passava no
granulado/açúcar e a outra colocava nas forminhas. Lógico que alguns
docinhos se perdiam pelo caminho, e nós íamos dormir felizes com a
barriguinha cheia de glicose surrupiada ansiando pela festa que nos
aguardava no dia seguinte. Eu sempre adorei toda aquela agitação, não só
do dia da festa, mas de toda a preparação que a antecedia. Talvez por
esse motivo eu tenha tanta dificuldade em me render ao atual esquema de
festa infantil em buffet.
A
primeira festa do meu pequeno eu comecei a preparar faz algum tempo.
Não lembro como nem porque, mas um dia eu decidi que o tema seria circo.
Logo que decidi me joguei no ebay atrás da decoração. Na época o dólar
não estava absurdo que está hoje e acabei conseguindo comprar várias
coisas legais. Balões temáticos, suporte para lembrancinhas, lanternas
decorativas. O resto, alguma coisa eu comprei por aqui, outras eu
reaproveitei do chá de bebê, e ainda teve as que eu mesma inventei e
montei. Tudo bem caseiro, do jeitinho que era feito pela minha mãe para
mim. Aliás, com direito a sentar com ela e preparar os docinhos nas
noites anteriores, como manda o script.
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Esse convite foi amor à primeira vista (comprei aqui). |
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Mês
a mês que eu eu mesma fiz. Logo que terminei de montar, coloquei a '1' e
a '12' lado a lado e mal pude acreditar que se tratava do mesmo bebê!.. |
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Mesa das lembrancinhas. Suporte de tenda comprado aqui. |
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Lembrancinhas: monóculos (comprados aqui) e pãezinhos de mel (encomendados de última hora aqui em Resende
mesmo porque os monóculos quase não chegaram a tempo). As etiquetas
coladas nos pães de mel eu encomendei no mesmo site que fez o quadro
negro, e o cartão de agradecimento no porta retrato com a mesma
vendedora dos convites. |
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Na entrada da casa, tecido imitando tenda e balões do Ebay.
Não dá para ver as mesas dos convidados e eu acabei esquecendo de tirar
foto, mas cada uma foi coberta por um tnt azul turquesa, e no centro
uma caixa de pipoca (comprada aqui), com pompom branco de papel seda (inspirado nessa foto). |
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Graças
a São Pedro não choveu e conseguimos colocar a mesa do bolo/doces no
deck. Balões de foca, elefantinho e estrela da Fisher Price (mesmo
vendedor acima), e as laternas que enfeitavam a entrada da varanda
(reparou nelas? Adivinha, esqueci de tirar uma foto com destaque para
elas..) também do Ebay. |
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Como
eu prefiro um decór mais clean na mesa de doces, optei por colocar os
docinhos apenas em suportes (reaproveitados do chá de bebê e comprados
num loja da 25 de março que eu nunca mais vou lembrar qual foi),
servindo os demais docinhos nas mesas dos convidados. As forminhas
imitando roupinha de palhaço eu comprei aqui. |
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Bolo delicioso que quase acabou em 2 minutos feito caprichosamente pela minha mãe. Bandeirinhas com nome compradas aqui. |
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Confesso
que o que eu mais gostei de toda a festa foi esse fundo verde.
Reformamos o jardim especialmente para a ocasião, e fazer a festa na
área externa com todas aquelas plantas deu uma charme todo especial. |
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Nunca
vi um pequeno curtir tanto a sua própria festa de 1 ano. Ele não dormiu
nenhum segundo, brincou horrores e fez a maior farra no parabéns... |
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...com direito a jogar os braços para o ar e pedir bis quando os aplausos terminaram! |
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E
já que a festa era de criança, nada mais justo que um cantinho só para
elas. A sala de TV virou um verdadeiro playground. Confesso que logo que
terminei de arrumar ela, vi todo esse colorido e tive uma vontade
tremenda de deixar ela todo dia assim... |
22.10.2014,
uma recém-mãe se via confusa, cansada e, pela primeira vez, sem forças
para comemorar. Inevitável não pensar nesse mesmo dia há um ano atrás.
Foi um dos aniversários mais difíceis que eu já tive. O pequeno tinha
apenas 15 dias, eu estava no auge da exaustão característica do primeiro
mês, chorando a torto e a direito. O começo da maternidade pode ser
muito solitário. Principalmente se ninguém te avisa que o turbilhão de
coisas que você vai sentir é completamente normal. Eu passei muito tempo
amargurando tudo que eu vivi com a chegada do pequeno. Passei muito
tempo pensando que eu não havia nascido para ser mãe. Até que eu
descobri que essa bipolaridade materna entre a antiga eu cheia de
liberdade e individualidade e a nova eu que mal é chamada pelo nome mas a
quem todos se referem como 'a mãe do fulano', é quase tão comum quanto
motoboy no trânsito de São Paulo. Antes dessa descoberta, eu olhava para
o meu período de puérperio com pesar e até um pouco de vergonha.
Vergonha das coisas negativas que eu senti. De não ter me sentido
inundada por um amor incondicional desde o primeiro momento e de ter
chegado a pensar que talvez aquela não tenha sido a escolha certa. Hoje
eu sei que cada um daqueles sentimentos fez parte da transformação pela
qual eu passei. Faz parte da mãe que eu me tornei. O meu aniversário do
ano passado foi tão tumultuado em razão da nossa adaptação ao pequeno,
que até o respectivo esqueceu da data. Foi se lembrar quando eu atendi o
telefonema de uma amiga do lado dele. Passou o resto do dia tentando
compensar. E eu passei o dia inteiro chorosa, tentando assimilar uma
realidade que havia caído sobre mim como uma rocha. Hoje, lembrando
daquele dia, eu não sinto mais o estômago se contocer como eu costumava
sentir.
22.10.2015,
aquela que um dia foi pequena e acabou se encontrando como mãe anseia
empolgada pelas comemorações já planejadas do seu aniversário. Hoje,
quando acordei, tudo que havia em mim era o mais puro sentimento de
felicidade. Realização plena. E, se alguma lágrima escorrer hoje, e
provavelmente irá porque a maternidade me transformou numa manteiga
derretida, será da mais intensa alegria que eu já senti na vida.
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