segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Big bro, little sis.

Não sei se já comentei, mas eu sou a caçula de 3 irmãs. Três filhas, três crianças pela casa. De cara isso remete a uma imagem de muita bagunça, brincadeiras, um pouco de brigas e muita arte feita em conjunto pelas irmãs. Mas não é assim que eu me lembro das coisas. Provavelmente porque lá em casa não haviam três crianças correndo pela casa. Haviam três filhas em estágios completamente diferentes da vida. A mais velha, tem 9 anos a mais que eu, a do meio 5. Eu não cresci tendo 2 irmãs, eu cresci tendo 3 mães. Eu só fui descobrir o que era de fato a parceria entre irmãos quando entrei na faculdade. Foi quando nós descobrimos que havia amizade e companheirismo além do cuidado fraternal.
Quando nós começamos a planejar nosso segundo pequeno, uma das primeiras coisas que passou pela minha cabeça foi: como será que o primeiro pequeno reagiria? E, em seguida, uma palavra: ciúmes. Lógico que eu sei que isso necessariamente vai acontecer. Já me disseram inclusive que preocupante é quando não acontece. Hoje ele tem toda a minha atenção e do respectivo. E logo logo ele não só vai perder parte da atenção, mas vai ter que dividi-la com um serzinho que requer muito mais do que ele. Mas eu sempre tive um sincero receio da extensão e profundidade que esse sentimento pode tomar. Certa vez eu fui visitar uma colega que tinha acabado de ter filho. Ela me pediu ajuda com o sling, queria que eu a mostrasse como usá-lo. Eu não tenho o hábito de pegar bebês dos outros no colo. Sei lá, coisa minha. Mas ela acabou me pedindo para pegar o pequeno dela e me mostrar como colocá-lo no sling. Nesse momento o meu pequeno estava em algum lugar da casa dela distraído com qualquer brinquedo. Mas, em milésimos de segundo, quando me viu segurando o bebê, ele surgiu grudado na minha perna me pedindo colo.
Eu fiquei com aquela cena na cabeça durante um bom tempo. Um indício de como as coisas seriam quando tivesse outro bebê pela casa. Há poucos dias, fomos passar o final de semana na casa de um casal amigo nosso e sua filhinha de apenas 2 meses. Passado o estranhamento inicial, vi meu pequeno apaixonado pela bebê, querendo estar perto dela o tempo todo, pegando a mãozinha dela e encaixando seus dedinhos dentro para que ela pudesse segurar, cantando para ela dormir e preocupado quando a via chorar. Um pequeno que eu sempre vi como um furacãozinho, de repente se mostrou cheio de cuidado e ternura com um bebê que ele nunca havia visto. E a pequena? Olhava fascinada para ele, olhinhos arregalados que transbordavam admiração, cada vez que o via perto.
Quando nós descobrimos a gravidez, logo contamos para o pequeno. Mostramos as imagens do ultrassom, falamos que havia um peixinho dentro da barriga da mamãe - referência a uma música de um grupo infantil que nós adoramos. Aí a barriga começou a crescer, descobrimos o sexo, e o peixinho a peixinha ganhou um nome. E o que parecia tão abstrato para o pequeno, agora é totalmente concreto. Ele anda num amor com essa barriga que dá gosto de ver. Abraça, beija, conversa, brinca, canta. Me diz para beijá-la e abraçá-la também. Chama ela pelo nome - ninguém pronuncia o nome dela tão lindamente quanto ele - e diz que vai cuidar dela. E quando acaba o momento, me pede para cobrir a barriga de volta e dá tchau pra ela. E eu fico ali, babando, inundada pelas imagens de uma relação de amor e carinho que aos poucos está nascendo e que irá durar uma vida inteira. Que venham também as brigas, o ciúmes, o lado negro da coisa toda. Tenho uma leve sensação de que isso será irrelevante perto da grandeza do que está por vir... 
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/112238215691109286/

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