UPDATES SOBRE A RIFA (19/07/2017):
Pessoal, felizmente as rifas que estavam sendo vendidas online já terminaram!! Agora só tem disponível rifa para ser comprada pessoalmente. Meus mais sinceros agradecimentos a todos que compraram, compartilharam e ajudaram a divulgar a nossa ação, foi um verdadeiro sucesso!! Estamos preparando ações futuras para ajudar o nosso pequeno, mais informações aqui.
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Logo que entramos na ambulância,
o médico que havia acabado de trazer meu filho de volta à vida falou cheio
de otimismo que as suas pupilas já estavam reagindo e que ele estava brigando
para respirar sem a ventilação mecânica. Era o suficiente para acalmar meu
coração por ora. Respectivo foi para casa buscar roupas e nossos documentos e
eu segui para o outro hospital, onde o pequeno seria internado na UTI. A
primeira vez que andei de ambulância, que Deus permita que seja a primeira e
única, eu pensava. Quando chegamos, eu permaneci na recepção passando os dados necessários
para a internação, enquanto subiam com ele para a UTI. Quando consegui
finalmente subir, tive que ficar esperando do lado de fora, eles estavam
fazendo todos os procedimentos de entrada dele. Pouco tempo depois respectivo
chegou e pude finalmente tirar a roupa molhada. Foi então que ele me contou que
havia entendido o que tinha acontecido. Quando voltou em casa, ele foi olhar a
piscina. Havia dois protetores solares dentro dela. Esses protetores, antes,
estavam em cima da mesa da churrasqueira, no lado oposto da piscina. Pequeno
deve ter se entediado com a TV e resolveu ir para a parte externa. A mesa
ficava perto do seu escorregador. Ele deve ter ido brincar quando viu os
protetores e teve a ideia de jogá-los na piscina. Ele gostava de jogar coisas
na piscina quando estávamos juntos tomando banho nela. Provavelmente subiu no
banco, pegou um, desceu, foi até a piscina e jogou. Depois voltou para fazer a
mesma coisa com o outro. Ele não tinha habilidade ainda para fazer tudo isso
segurando os dois. Na segunda vez, foi quando o acidente provavelmente
aconteceu. Ou ele teria se desequilibrado na hora de jogar, ou caiu tentando
pegar de volta. Levando tudo isso em consideração, o tempo que ele deve ter
levado para fazer tudo isso, não devia ter ficado tanto tempo na água...
Pessoal, felizmente as rifas que estavam sendo vendidas online já terminaram!! Agora só tem disponível rifa para ser comprada pessoalmente. Meus mais sinceros agradecimentos a todos que compraram, compartilharam e ajudaram a divulgar a nossa ação, foi um verdadeiro sucesso!! Estamos preparando ações futuras para ajudar o nosso pequeno, mais informações aqui.
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Pouco tempo depois, uma
enfermeira apareceu na porta para nos dizer que estava tudo bem, nos levou rapidamente
até seu leito apenas para darmos uma olhadinha nele e nos explicou que teríamos que
esperar ainda um tempo, pois iriam fazer uma série de exames nele. Não lembro
quanto tempo ficamos, mas pareceu durar uma eternidade. Enquanto esperávamos,
vimos um helicóptero pousar do lado de fora e os funcionários da UTI começaram
a correr e se preparar, mais uma criança em estado grave estava chegando.
Ouvimos a médica plantonista informando a uma outra médica que estava passando
no corredor, mais um afogamento, o segundo do dia. As portas da UTI
permaneceram abertas durante um bom tempo. Mas ninguém entrou. E com o passar
do tempo nós concluímos com um aperto forte no coração que a segunda criança
não tinha tido a mesma sorte do pequeno e não tinha passado do pronto
socorro...
Depois de um tempo de espera,
vieram nos informar que o pequeno seria levado para fazer uma tomografia. Meu
corpo inteiro gelou. Eu sabia que era aquela o momento que nós enfim saberíamos
se ele ainda corria risco ou não. Respectivo virou para mim: precisamos ligar
para a família. Até então não tínhamos tido coragem de falar com ninguém. Como
iríamos contar o que tinha acontecido? Como eu iria encarar a minha família e a
dele? Como eu iria dizer para os avós do pequeno que algo tão terrível tinha
acontecido com uma das coisas mais preciosas da vida dele? Eles iriam querer me
matar. Eu com certeza iria querer me matar. Eu queria me matar naquele momento...
Tínhamos a sincera esperança de poder contar apenas depois, dali algumas horas,
quando o pequeno estivesse bem e tudo não tivesse passado de um susto. Eu não
tenho coragem, lhe respondi. Mas nós precisamos de gente rezando junto com a
gente, ele retrucou. Verdade. Tudo bem, que venha a ira sobre mim, o pequeno
precisa disso muito mais do que eu. Enquanto respectivo falava com seus pais, peguei
o celular e fiz a ligação mais difícil de toda a minha vida. Liguei para a
minha irmã mais velha, contei-lhe tudo o que havia acontecido e pedi que ela
contasse a nossa outra irmã e a nossa mãe. Eu não conseguia. Falar uma vez já
tinha sido mais do que eu podia suportar naquela hora. Notícia dada, fomos juntos
até a capela do hospital, nos ajoelhamos e rezamos.
O resultado foi melhor do que
esperávamos, foi o que nos falaram os médicos depois da tomografia (nosso filho foi acompanhado por diversos médicos no tempo que esteve internado, irei me
referir a eles sempre no plural a fim de preservar a identidade de qualquer um
deles). Pudemos enfim entrar para ficar com o pequeno. Ele estava entubado, sedado,
estável. E esse era o principal objetivo agora, mantê-lo estável e garantir que
o cérebro não sofreria mais nenhuma injúria. Apesar da tomografia ter deixado
todo mundo um pouco otimista, era apenas a primeira, nos explicaram. As lesões
decorrentes da falta de oxigenação poderiam aparecer em até 48 horas. Então
estávamos mais calmos, porém ainda não completamente livres de preocupações. O
dia seguinte correu sem nenhum susto. Eu checava as pupilas de minuto em
minuto, e elas se mantinham pequenininhas, lindas. Tínhamos vencido as
primeiras 24 horas, faltavam só mais 24. Minha irmã e minha mãe tinham chegado
durante a madrugada e os pais do respectivo chegaram pela manhã. Todos com o
coração em frangalhos, mas prontos para nos dar todo o suporte que
precisávamos. A UTI tinha apenas dois pequenos períodos de visitas durante o
dia, e eles precisaram se revezar para ver o pequeno. No período da noite, iria
primeiro o pai do respectivo e depois a minha irmã. Saí para ir ao banheiro e
quando voltei encontrei um vô emocionado com lágrimas escorrendo pelo rosto na
sala de espera. Ele mexeu a mão para mim, me contou cheio de alegria. Entrei
com a minha irmã e fiquei de lado enquanto ela namorava o sobrinho. Foi quando
ela me chamou a atenção, ele estava mexendo os pés e mãos. Olhei para ele com o
coração aos pulos e então notamos algo mais: seus olhos estavam se abrindo. Eu
não podia acreditar!!! Chamamos os médicos e eles nos explicaram que ele ainda
estava sob sedação. Que no dia seguinte iriam começar a diminuir. O pequeno
estava querendo acordar mesmo sob sedação, era a cara dele! Em seguida,
reforçaram a dose para que ele voltasse a dormir e deixasse o corpo e,
principalmente, o cérebro se recuperar como deveria. Naquela noite eu mal dormi
de tanta ansiedade. Se o pequeno havia acordado sob sedação, com certeza já
estaria despertando assim que começassem a diminuir os medicamentos.
Passei o dia com os olhos
vidrados no pequeno, esperando que a qualquer momento ele começasse a
demonstrar os sinais que tinha mostrado na noite anterior. Mas, conforme as
horas passavam sem que houvesse qualquer reação dele, meu coração começou a se
angustiar. Havia mais umas coisas acontecendo. O pequeno estava começando a
apresentar febre, as enfermeiras estavam o dia inteiro tentado controlar a sua
temperatura. Um possível sinal de sofrimento cerebral, nos explicaram. E, para
completar, havia algo de diferente nas suas pupilas. Elas não estavam mais
reagindo como nos dias anteriores. Decidiram fazer uma novo tomo, para checar
se havia aparecido alguma lesão. E, então, o laudo: havia uma lesão
significativa no cérebro, o pequeno definitivamente não sairia dessa sem
sequelas. Mas qual tipo de sequela? Era impossível de saber até que ele
acordasse, nos falaram. A dor daquela informação nos invadiu e decidimos então
abrir o acontecido para mais pessoas. Quantos mais soubessem, mais estariam
rezando pelo pequeno. Apesar da dor, decidimos nos manter otimistas. Como não
se sabia qual tipo de sequela ele apresentaria, optamos por nos apegar às
mínimas possíveis. O pequeno era forte e cheio de vida, ele se adaptaria e
superaria qualquer sequela que aparecesse, e nós faríamos tudo quanto fosse
possível para que ele sofresse o mínimo com as novas limitações.
E os dias que se seguiram,
passamos assim, confiantes e rezando pela sua recuperação. Tínhamos ouvido
tantas vezes sobre casos inexplicáveis para a medicina, o pequeno com certeza seria
mais um deles. Rezávamos e esperávamos ele acordar. Na segunda noite depois do
laudo, eu saí da UTI para fazer alguma coisa e, quando voltei, encontrei o
respectivo de pé, do lado do pequeno, segurando a sua mão, com lágrimas nos
olhos. O que aconteceu, perguntei aflita. Ele está acordando, me respondeu um respectivo
tomado pela emoção. Me explicou que ele tinha ido mexer em alguma coisa próxima
da mão do pequeno e, quando este sentiu seu toque, fechou a mãozinha sobre seu
dedo. Me chamou para perto dele, encaixou meu dedo na sua mãozinha fechada e
me mostrou como ele apertava mais forte cada vez que a gente mexia. Um tempo
depois, me debrucei do seu lado e comecei a cantar algumas músicas em seu
ouvido, enquanto mantinha sua mãozinha levemente apoiada sobre a minha. Foi
quando senti o peso de seu braço empurrando de volta a minha mão. Ele estava reagindo!
Ele não tinha dado mais nenhum sinal depois daquela noite em que quase acordou e agora estava reagindo de novo. Ele voltaria para nós, não havia dúvidas!
No dia seguinte, uma nova equipe
de médicos se juntou a nós para explicar mais uma vez as imagens da tomo. Eu
não estava muito interessada em ouvir novamente palavras duras sobre o quadro pequeno,
mas entendi que era uma preocupação dos médicos nos deixar o mais por dentro
possível da saúde do nosso filho e me sentei para ouvir. A situação é grave, a
lesão é grave e as sequelas necessariamente serão graves. Ouvi atônita. Aliás,
a probabilidade maior é que o quadro se encaminhe para morte encefálica. Só não
é possível dizer isso dele agora, porque ele ainda apresenta movimento
respiratório próprio. Cada palavra que eu ouvia arrancava um pedaço de mim. Não
era possível isso. Ontem mesmo ele estava reagindo a nossa presença. Reflexos,
nos explicaram. O cérebro se divide em duas partes, o tronco e o bulbo. Tudo
que estávamos vendo do pequeno estava vindo do bulbo, a parte mais primitiva do
cérebro, de onde a maioria das coisas que vinham eram mero reflexo. O que nos
interessava era o tronco, e por ora não vemos nada dele. Insistimos nas reações
da noite anterior, como poderiam ser meros reflexos? Notando que não estávamos
entendendo o que eles estavam nos dizendo, os médicos decidiram ser mais
enfáticos. Olha, quando cortamos a cabeça de um sapo, ele continua se mexendo
durante algum tempo. É exatamente igual com o seu filho e esses movimentos que
vocês estão vendo. Puro reflexo. Foram as palavras que ouvimos. Nosso pequeno, o
que havia de mais perfeito e maravilhoso na nossa vida estava ali deitado
diante de nós, sendo comparado a um sapo decapitado. Era surreal aquilo. Como
podia ser verdade? Ele tinha quase acordado há apenas alguns dias, e agora
estavam nos falando em morte cerebral. Não, não pode ser verdade. Resolvemos
insistir. Do mesmo jeito que o quadro pode se encaminhar para o pior, ele pode
também melhorar, perguntamos. É, tem que ter fé, mas é pouco provável, foi a
resposta.
Saí da UTI aos prantos, chorando
como nunca havia chorado na vida. Aquilo tudo era um pesadelo, só podia ser. Há
uma semana nós tínhamos a vida perfeita, uma família perfeita. E agora
estávamos lidando com a pior dor que um ser humano pode lidar, a dor de perder
um filho. Eu pedi tanto a Deus que me livrasse disso. Toda semana quando íamos
à missa, eu Lhe agradecia por ser tão bondoso comigo e me encher de bênçãos e
finalizava a oração com apenas um pedido: que Ele me livrasse da dor de perder
meus filhos ou meu marido. Eu não sei se vou conseguir continuar acreditando
Nele, falei ao respectivo. Se nós perdermos o pequeno desse jeito cruel, depois
de eu pedir tanto que ele não me deixasse sentir essa dor, eu não sei se vou
ser capaz de acreditar que Ele realmente existe. Precisamos ser fortes,
respondeu o respectivo. Precisamos ser fortes pelo nosso outro filho. Tomada
pela dor, proferi as palavras mais duras que eu poderia algum dia imaginar: eu
não quero outro filho, eu quero o pequeno. (Minha amada pequena, rezo a Deus
que tu não tenhas sentido no ventre as coisas que se passaram no meu coração. A
dor é capaz de fazer uma pessoa pensar as coisas mais absurdas, mas quando ela
passa, percebemos que a maioria das coisas que pensamos ou dissemos não é
verdade...)
Desde o momento do acidente, nós
não havíamos questionado Deus sobre nada do que estava acontecendo. Em nosso
coração, não sentíamos que o que estava acontecendo era vontade Dele. Não. Na
verdade nós sentíamos que Ele sabia o que iria acontecer e tinha nos dado todas
as ferramentas necessárias para que salvássemos o pequeno. O aperto que eu
senti no coração e que me fez buscar o pequeno pela casa. A incrível
racionalidade que tomou conta do respectivo que, mesmo vendo o pequeno sem
vida, conseguiu se manter firme fazendo os primeiros socorros. A decisão de ir
até o hospital ao invés de esperar pela ambulância, decisão esta que ele apenas
tomou porque alguns anos antes tinha visto o pai de um amigo enfartar e ficar
esperando por mais de meia hora pela ambulância até enfim decidirem levarem
eles mesmos ao hospital. O fato da gente ter conhecido o caminho do hospital apenas
3 dias antes do acidente. Até então nós sabíamos apenas o caminho de casa até a
creche, o mercado e o meu trabalho. Não conhecíamos nada na cidade. No sábado
anterior ao feriado, pequeno acordou reclamando de dor no pênis. Estava com a
ponta avermelhada. Normalmente eu marcaria uma consulta com um pediatra dali alguns
dias. Mas eu não conhecia nenhum pediatra e fiquei com dó de vê-lo reclamando
da dor, então conversei com o respectivo e resolvemos levá-lo ao Pronto
Socorro. Assim a gente já descobre onde fica, comentei no dia. Foi o que fez
com que conseguíssemos chegar em apenas 3 minutos 3 dias depois. E o mesmo
médico simpático que nos atendeu naquela manhã de sábado salvou a vida do nosso
filho.
Deus quis salvar nosso filho. Nós
tínhamos certeza disso. Se é fé que é preciso ter para reverter esse diagnóstico,
então fé nós teremos. E não apenas nós. Nós contaríamos a todos os nossos
conhecidos e formaríamos um exército tão grande de pessoas pedindo pelo
pequeno que Deus teria que escutar. Em poucos minutos a notícia havia se
espalhado e, em algumas horas, as mensagens começaram chegar. Inúmeras, até
mesmo de pessoas que a gente nem conhecia. Pessoas de todos os lugares nos
mandavam suas orações e nos enchiam com palavras de fé. Um verdadeiro exército,
como nós havíamos desejado. Deus já estava do nosso lado, Ele iria nos atender.
No dia seguinte, as mensagens não paravam de chegar e eu estava determinada a
me manter com fé, independentemente do que os médicos me dissessem. Mas com o
passar do dia, comecei a ver um pequeno pálido, com o corpinho frio, e poucos
movimentos respiratórios próprios. Tudo que os médicos haviam nos falado no dia anterior parecia
estar se concretizando. Eu tentava desviar meus olhos de tudo isso, me manter
olhando para Deus. Assim como Pedro caminhando sobre as águas mantinha seus
olhos em Cristo. Mas, assim como Pedro, eu sentia cada vez mais a força do
vento e via o mar revolto ao meu redor. E, assim como Pedro, eu comecei a
afundar...
Eu precisava sair dali. Chamei
minha irmã e pedi que ela fosse para fora do hospital comigo. Eu não sinto mais
a presença do pequeno, sys. Até ontem eu sentia ele tão presente, hoje eu olho
e não vejo ele. Acho que ele está indo embora. E mais uma vez a dor veio dilacerando
cada pedaço de mim. E eu chorei. E eu me revoltei. Como eu podia ter sido tão
idiota? Como eu poderia ter deixado isso acontecer com o meu filho? Por que eu
não levei ele para cima comigo? Por que eu não fechei a porta? Ah, a maldita
porta. Por que diabos eu me esqueci dela? Como eu iria conseguir ser mãe depois
disso? Como eu podia ter falhado de um jeito tão absurdo sendo mãe? Eu amava
tanto aquele menino. Tanto. Ele sabia disso, eu não me cansava de falar isso para
ele. Nesses dois anos eu tinha amado ele mais intensamente do que qualquer
outra coisa na vida. Eu nunca tinha lhe negado colo, nunca havia o deixado
chorando, sentava para brincar com ele todo dia depois do trabalho, mesmo
cansada e com vontade de apenas me jogar no sofá. Sim eu tinha tido meus
momentos ruins também. Momentos de impaciência, de erros, arrependimentos. Mas,
eu com certeza tinha muito mais momentos bons do que ruins. Toda noite na hora
de dormir, nós rezávamos juntos, agradecíamos ao Papai do Céu por todas as
coisas que Ele nos dava. E toda vez eu repetia o quanto ele era especial, o
quanto ele era amado. Eu tinha vivido plenamente esses dois anos de vida do
pequeno, com todo meu coração e minha alma. Não havia arrependimento em mim de coisas
que eu gostaria de ter feito a mais ou momentos que eu gostaria de ter
aproveitado mais. Exceto pelo acidente. Mas será que esse único momento tinha a
capacidade de apagar 2 anos de vivência amorosa? Sim, a minha falha tinha sido
fatal, mas será que ela me definia como mãe? Aos poucos, as memórias de todos
aqueles momentos felizes começaram a acalmar meu coração. Eu sabia que iria
sofrer o resto da vida, que jamais me sentiria plena novamente. Mas eu sabia
que parte de mim estaria em paz por ter vivido com plenitude a breve vida do
pequeno. Eu não viraria as costas para Deus, afinal, Ele havia me permitido
viver com um anjo, mesmo que por pouco tempo. A partir dali eu teria um único
objetivo de vida: viver a vida seguindo as palavras do Pai, para que um dia eu
merecesse o céu, para que, o dia que eu partisse, pudesse reencontrar o meu
pequeno. Eu iria perder meu filho, mas não perderia a minha fé...
Mas e todas aquelas pessoas que
estavam rezando por nós? Como elas se sentiriam com a partida do pequeno? Se eu
não iria perder a fé, elas também não podiam perder. Elas tinham que saber que
as orações delas nos tinham dados forças para viver em paz os últimos dias do
pequeno. Elas tinham feito diferença na nossa vida e eu precisava agradecer a
elas. Gravei uma mensagem e pedi para minha irmã guardar para o momento certo.
Com o coração em pedaços, porém em paz, e os olhos ardendo de tanto chorar,
olhei para o céu e falei: se era disso que Você precisava para levar ele, eu
estou pronta, eu estou em paz. Eu entrego nas Tuas mãos o meu pequeno...
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Nota sobre o atual estado do pequeno: como ele ainda não consegue comer sozinho, tivemos que fazer uma cirurgia para colocar a sonda diretamente em seu estômago e assim podermos voltar para casa para começar tratamentos intensivos de reabilitação. Ele teve algumas complicações pós-cirúrgicas, mas agora já está melhor e segue se recuperando. Esperamos que até o início da semana que vem ele já tenha alta.
Ah, a pequena segue na barriga. Com previsão de nascer a qualquer momento, pois já estamos na 38a semana...